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OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS - SEBRAE - SANTA CATARINA
(matéria publicada em março de 2004. Hoje, os valores são bem maiores)
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Depois da Patagônia, França e Catalunha, agora chega a vez do Brasil, mais particularmente da cidade de Benedito Novo, no Vale do Itajaí (SC), sediar uma das unidades do grupo francês Genevo. Trata-se da Agroindustrial Brasileira de Cunicultura , empreendimento que receberá investimentos de US$ 2,5 milhões e compreenderá a criação de coelhos em 24 galpões e uma unidade abate, a ser instalados em uma área de 80 mil metros quadrados.
O grupo francês tem por objetivo a exportação de carne, pele, urina e fezes de coelhos.“Nossa intenção é iniciar os embarques até setembro para Europa e Estados Unidos”, disse o diretor da empresa, Sic Gabrielevich.
O executivo explica que inicialmente as operações do grupo no País terão como enfoque apenas o mercado externo. “Só iremos atuar no mercado doméstico caso a demanda por esse tipo de produto aumente.”
Ainda segundo o executivo, a empresa terá capacidade para criar sete mil animais. Já o frigorífico terá capacidade para abater 250 toneladas de coelhos/ano.
Gabrielevich disse que a empresa deverá ter um faturamento superior a US$ 12 milhões por ano.
Motivos
A empresa francesa escolheu o Brasil para montar sua nova unidade em razão dos benefícios fiscais que recebeu do município de Benedito Novo. Além disso, a Genevo pagará 35% a menos pelo abastecimento de energia elétrica. “Nós também levamos em conta os salários do Brasil, que em comparação com os europeus e norte-americanos tornam o custo de produção menor.”
Segundo a prefeitura da cidade, a entrada da Agroindustrial de Cunicultura irá gerar cerca de 130 empregos diretos na região e outras 500 vagas indiretas. Entraram na “disputa” pela instalação da empresa as cidades de Rio Negrinho e Rio do Sul, mas Benedito Novo acabou por vencer a disputa.
Outros fatores que contribuíram para a instalação da unidade em Itajaí, fora, a proximidade dos Portos de Itajaí e São Francisco do Sul — que facilitarão o escoamento da produção — também foi o clima local apropriado para esse tipo de atividade.
Coelho Real
Além da Genevo, outros grupos brasileiros que apostam na cunicultura também estão de olho nas exportações. Esse é o caso da Coelho Real , instalada na cidade de Salto de Pirapora no interior do Estado de São Paulo. “Já vendemos a carne para grandes redes de supermercados, hotéis e resorts. No entanto, em 2004, nosso objetivo é colocar a marca também no exterior. O mercado que queremos absorver é o da França, grande consumidor de coelhos”, diz a proprietária da empresa, Eliana Rache.
A Coelho Real tem capacidade para abater 20 mil animais por mês. Hoje, o frigorífico já abate cerca de 10 mil cabeças/mês.
Segundo Eliana, a empresa tem um plantel próprio de cerca de 6 mil animais e hoje vende seus produtos congelados para os principais supermercados do País, como a Rede Pão de Açúcar e Carrefour.
Além da criação própria de coelhos, em razão do aquecimento da demanda e dos planos de exportação, a empresa irá adquirir animais de pequenos produtores do Estado de São Paulo.
Criação
O custo de criação por animal é de R$ 1,75. As avícolas são as que pagam mais pelo quilo vivo do coelho, cerca de R$ 4,00. Já os frigoríficos pagam R$ 3,00 por quilo.
Segundo o proprietário da Granja Angolana , localizada em São Roque (SP), Henrique Paraschin, a carne do coelho ainda é considerada cara pelo consumidor brasileiro. “Hoje, o quilo custa cerca de R$ 15,00 para o comprador final.”
O coelho é um tipo de animal que se reproduz rápido e tem um retorno financeiro em apenas 75 dias, quando o animal já está pronto para o abate.
A Granja Angolana, localizada em São Roque (SP), cria coelhos para a venda em avícolas e também para frigoríficos.
Mercado nacional
O Brasil tem hoje cerca de 75 mil cabeças de coelho para fins comerciais.
Desse total, aproximadamente 50% estão localizadas no Estado de São Paulo.
Atualmente, são produzidas aproximadamente 40 toneladas da carne congelada no País a cada ano.
No mercado doméstico, as vendas de carne de coelho crescem cerca de 20% ao ano, segundo os produtores.
No País, a atividade já dispõe de seis frigoríficos especializados no abate desse tipo de animal.
Anteriormente, o processo era feito por abatedouros de aves e nas avícolas.
GRIFES DE PERFUMES SÃO CLIENTES
Grifes internacionais de perfumes — como Paco Rabane, Kenzo e Christian Dior — fazem parte da lista de clientes dos subprodutos derivados da cunicultura — criação de coelhos.
Segundo os criadores, as grifes utilizam a urina do animal na fixação dos perfumes.
O material também tem aplicações exploradas por fabricantes de outros tipos de cosméticos.
Em relação à carne, os principais compradores no mercado externo são os Estados Unidos e a Europa.
Segundo os criadores, além da carne e da urina, os produtores que se dedicam à atividade podem complementar a renda com a exploração comercial de outros subprodutos do coelho que possuem grande aceitação no mercado.
A pele congelada, por exemplo, é vendida pelo produtor por cerca de R$ 1,00.
Já o insumo curtido tem um valor agregado maior, R$ 7,00.
A Bélgica e a Coréia são os maiores interessados na compra da pele do animal.
O animal também produz um adubo de alta qualidade para a agricultura.
Outro subproduto do coelho que apresenta aproveitamento comercial para os criadores é o cérebro.
O material pode ser vendido para estudos realizados por laboratórios.
Fonte: DCI
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CUNICULTURA - REPRUDUÇÃO DOS LUCROS
REVISTA RURAL No. 115 - SETEMBRO - 2007
Criação de coelhos se mostra uma boa atividade para quem quer velocidade no retorno financeiro. Seu Ludwig Dewald Paraschin sempre quis viver no campo e dele tirar o seu sustento. Para isso, estudou zootecnia e se empenhou em adquirir uma propriedade rural. Seu gosto pela criação de animais veio de seu avô, imigrante suíço que criava coelhos em sua terra natal e continuou com a cunicultura quando veio ao Brasil, no começo do século passado. “Tomei gosto pela criação. No começo era mais um hobby e só bem depois é que vim tirar dele o meu sustento”, explica seu Ludwig, ou Ludovico, como prefere ser chamado. Hoje, Ludovico possui uma propriedade destinada à criação de diversos animais, como cabras, carneiros, aves ornamentais, pôneis, emas e até antas. “Mas o carro-chefe da minha criação são os coelhos”, conta o criador.
Visitando a sua fazenda, localizada no município de São Roque, interior de São Paulo, fica evidente que a criação de coelhos realmente domina seu numeroso e diversificado plantel. “Temos de 7 a 10 mil coelhos na propriedade, dependendo da época do ano”, explica o criador, que explora comercialmente a cunicultura desde 1962. “Mas crio animais desde que me conheço por gente”, afirma Ludovico, que por conta do câmbio, quebrou em 1992. “Nossa produção era toda voltada para o mercado externo. Por causa da desvalorização do dólar tivemos que nos readaptar e procurar explorar mercados aqui dentro do Brasil”, explica. Essa lição passada o ajudou a se fortalecer e hoje, o dólar muito baixo não afeta em nada a sua produção. “É preciso inovação e adaptação”, afirma Ludovico.
Embora haja um grande número de raças e variedades de coelhos, aconselha-se, exceto em casos excepcionais, que o criador se dedique em uma, duas ou no máximo três raças, pois os problemas e os custos de um modo geral aumentam com o número de raças criadas. Como o que interessa em uma criação são os lucros, o criador não deve ficar fazendo experiências, o que pode custar muito caro. O melhor e mais barato é aproveitar a experiência dos outros. Assim sendo, deve-se escolher raças aperfeiçoadas e já aprovadas. No mundo existem mais de 100 raças. Aqui no Brasil os criadores se dedicaram a criar em torno de 18 raças. Acredita-se que o coelho doméstico tenha surgido na península ibérica. Este por sua vez provém do coelho selvagem, originário da Ásia, que seguiu as migrações humanas até a Europa, instalando-se em regiões nórdicas. A última era glacial, a cerca de 80 mil anos atrás provocou a fuga para lugares mais quentes, como a península ibérica (Portugal e Espanha) e o norte da África. Outra versão conta que os coelhos domésticos vieram do norte da África e que foram os povos provindos dessa região que introduziram o coelho na Europa, através da Espanha. Quando os fenícios fundaram Cadiz, no sul da Espanha, relataram nos seus escritos que eles assediavam a cidade numa terra por eles chamada de Hispania, palavra de raiz hebraica que parece significar “país dos coelhos”. O coelho selvagem, modificado pela clausura, com uma alimentação equilibrada e abundante, e uma seleção racional, era criado em países situados até 66 graus de latitude. Da Espanha passou para a Itália na época dos romanos, no século III antes de Cristo, segundo o testemunho do escritor Varron, e também na França. Em definitivo podemos dizer que a Espanha foi a porta de entrada do coelho na Europa. Há somente 270 anos existiam de 5 a 6 raças de coelhos domésticos, ao passo que hoje podemos contar com umas 50. Entretanto, a verdadeira seleção de raças domésticas teve início na metade do século XVII e foi no fim desse período que apareceram várias raças provindas, seja da seleção praticada nos coelhos comuns, seja pela aparição de mutações (Castor-Rex) ou seja pelos cruzamentos.
A história do coelho nos revela uma real e extraordinária evolução desse roedor, inicialmente selvagem, mas transformado, graças ao tempo e à mão do homem, a ponto de hoje ser um animal dócil e apto à exploração industrial.
Mas, para que a criação de coelhos dê frutos, são necessários cuidados essenciais, como por exemplo, localizá-la perto de um centro de consumo e, principalmente, desenvolver instalações adequadas para os coelhos. “Os galpões são parte importantíssima da criação e têm de ser limpos e higienizados constantemente, além de ter de proteger os animais da friagem”, explica Ludovico. Os coelhos devem ser criados em gaiolas individuais, com bebedouros automáticos (de preferência) e cumbucos para ração e devem ficar instalados em galpões. Essas instalações devem ser feitas de gaiolas de arame galvanizado, facilitando um bom manejo, higiene e durabilidade e proporcionando agilidade no trabalho. As gaiolas devem ser suspensas em um andar e o piso do galpão deve ser de terra. A lateral do galpão deverá ser fechada com tela e cortinas que possam ser abertas e fechadas de acordo com o clima. As cabeceiras do galpão deverão ser fechadas. A construção do galpão deve ser feita em local seco e protegido de ventos fortes, obedecendo a posição das cabeceiras sentido nascente-poente, na região sul do Brasil, caso o terreno seja do lado sul, de onde vêm os ventos frios. Além da cortina, será necessário o plantio de um renque de proteção, como capim ou bambu. Do lado oposto, proteção contra o sol forte da tarde. Bananeiras ou Santa Bárbara são boas para esse fim. Em regiões quentes a criação deve ser protegida da insolação, portanto seria melhor localizá-la em lugares mais altos e arborizados. Além das instalações, são necessários cuidados com a alimentação e com a água, que deve ser filtrada e trocada constantemente. “Também aplicamos um produto contra sarna à base de ivermectina”, explica Ludovico.
Tomando os devidos cuidados com as instalações, manejo e alimentação, os lucros com a cunicultura ficam bem mais próximos e altos. Isso porque a criação de coelhos possui múltiplos e rentáveis propósitos. “Depende do interesse, mas a principal finalidade é a carne, que é o carro-chefe de qualquer criação”, explica Ludovico. Um coelho vai para o abate com 2 quilos e meio e o frigorífico paga em média 12 reais por animal. Existem cerca de 9 frigoríficos exclusivos para o abate de coelhos no Brasil. Em São Paulo se localizam 3 deles. Em Santa Catarina outros 2, no Paraná mais 2 e em Minas Gerais outros 2, fora outros frigoríficos pelo Brasil que não são exclusivos mas também abatem coelhos. Além da carne, é possível explorar a pele do animal para confecção de artesanato e roupas. Da raça Angorá é possível se extrair lã. Cada coelho dessa raça fornece 150 gramas de lã por tosquia ou 1,2kg por ano. O mercado externo (principal comprador) paga 25 dólares por kg de lã, que também é chamada de caxemira. O coelho também fornece adubo orgânico, que possui um alto valor no mercado. Outros grandes compradores da criação de coelhos são os laboratórios farmacêuticos que os utilizam para testes com cosméticos e universidades que procuram os animais para experiências e demonstrações. Até o cérebro dos coelhos têm serventia. Deles são retirados uma substância chamada tromboplastina, que é usada nas cirurgias médicas para verificar o grau de coagulação no sangue do paciente e também possui um alto valor agregado. Outro ganho que o produtor pode ter com o coelho é a criação de raças destinadas a serem animas de estimação. São raças específicas, como o Hermelim, Holandês, Hotot, Lion, dentre outros. São menores e mais dóceis. Custam em média 50 reais e são vendidas para lojas de animais de estimação. Segundo Ludovico, a procura para essa finalidade é muito grande. “Toda a produção é vendida, não fica nada para trás”.
Além das múltiplas finalidades que pode ter o coelho, outra grande vantagem dessa criação é a sua precocidade e fertilidade. Um coelho nasce com aproximadamente 50 gramas. Com 60 dias já estão com 2kg e aos 90 dias estão com 2,5kg, peso ideal para o abate. A famosa fertilidade e proliferação dos coelhos é uma grande valia para os criadores. Uma fêmea gera de 8 a 12 filhotes por gestação e tem 5 crias por ano, ou seja, cada fêmea têm em média 50 filhotes por ano. O criador pode optar também por trabalhar com reprodutores também. Um bom reprodutor, com carcaça quadrada, em forma de paralelepípedo, vale de 60 a 70 reais. Se a finalidade da criação for corte, a raça ideal é a Nova Zelândia. “É o Nelore da cunicultura. É precoce, tem alta fecundidade e excelente conversão”, afirma Ludovico.
O manejo da criação de coelhos exige uma certa especialização. Uma pessoa pode cuidar de cerca de 500 fêmeas e seus respectivos filhotes. O manejo de 10 matrizes corresponde a meia hora de trabalho por dia. Um coelho adulto come cerca de 90 gramas de ração por dia. O quilo da ração para coelhos custa R$ 0,70 o que dá em média R$ 0,07 por coelho, por dia. Para quem quer entrar na cunicultura, é melhor começar com um número pequeno de animais. Um módulo piloto com 10 matrizes de duas linhagens diferentes com respectivos machos e a quantidade de gaiolas para cria e engorda, bebedouro e comedouro sai por R$ 2.600,00 em média.
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